Casamento vistos pelas confissões religiosas

As principais confissões religiosas rejeitam mesmo a palavra «casamento» para definir a união entre pessoas do mesmo sexo, baseando os seus argumentos nos livros sagrados. Confrontado com estas posições, Paulo Corte-Real, da ILGA Portugal, lembrou que o que está em discussão é «o casamento civil, que não é reconhecido pela Igreja Católica e não tem qualquer efeito do ponto de vista das diferentes igrejas».

Para o bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, «do ponto de vista da concepção religiosa católica, não pode ter o mínimo fundamento o casamento homossexual». No entanto, sublinhou o representante da Igreja Católica, a mais expressiva em Portugal, a «Igreja não pode fechar as portas a ninguém» e tem presente o «espírito de compreensão e de solidariedade relativamente a aspectos diferentes, nunca empunhando as armas da cruzada da hostilidade, do desprezo ou da marginalização».

Esta posição é sustentada pela Aliança Evangélica: «Temos um profundo respeito por pessoas que têm orientações sexuais diferentes» e «não pomos em causa os direitos que a Constituição garante às pessoas, mas o casamento é uma instituição divina entre um homem e uma mulher e tudo o que sai fora disso não tem a nossa concordância» segundo o pastor Jorge Humberto. A Igreja Ortodoxa segue a mesma linha, afirmando que «o casamento é um sacramento religioso de pessoas de sexo diferente». «Neste caso [casamento homossexual], estamos a falar de um contrato entre duas pessoas», disse o padre Alexandre Bonito, justificando: «É mais um contrato. Não se pode confundir com casamento que, por analogia, não corresponde à situação que queremos definir». Já o bispo Fernando da Luz Soares, da Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica - Comunhão Anglicana, afirma que a Igreja tem de compreender «a evolução da sociedade e de um conjunto de factores que a liberdade veio expor».

Para a comunidade israelita, «não existe o casamento entre pessoas do mesmo sexo», não concordando que isso se «transforme numa lei».«O casamento é baseado nos princípios da Bíblia e é heterossexual», sustentou à Lusa o rabino Eliezer Shai. O Islão também está contra esta união: «Nos textos sagrados, a prática da homossexualidade é considerada ilícita e censurável, quer seja na Tora ou no nosso Livro Sagrado, o Alcorão», afirmou por escrito à Lusa Karim Vakil. A posição das Testemunhas de Jeová foi tomada em 2005 e publicada nas suas revistas Sentinela e Despertai: «A orientação de Deus é de que o matrimónio seja honroso entre todos o que exclui as uniões homossexuais, que ele considera detestáveis».

+info: http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=112171

1 comentários:

Héliocoptero disse...

O argumento-chave é precisamente aquilo que disse o Paulo Corte-Real: estamos a falar de casamento civil e não religioso.

A Deus o que é de Deus, a César o que é de César; uma coisa é um sacramento, outra um contrato reconhecido pelo Estado.